Trekking na Serra do Cipó: Travessão
Uma travessia por histórias e belezas naturais na Serra do Cipó.
O ecoturismo tem se tornado uma das opções de lazer mais procuradas no atual contexto, em que buscamos espairecer e descansar. A busca pela natureza em ambientes tranqüilos, longe de aglomerações, é uma tendência, não tem como negar.
Por isso, muitas cidades próximas a Belo Horizonte, que guardam lugares especiais, com belezas naturais e muita riqueza cultural, têm se tornado cada vez mais destaque quando o assunto é fazer uma "viagem" rápida de fim de semana.
Um cinematográfico e pouco visitado cenário do Parque Nacional da Serra do Cipó
Localizado na parte alta do Parque Nacional Serra do Cipó, o Travessão é uma antiga passagem utilizada por tropas há séculos, o único ponto possível de passagem naquele trecho de encostas íngremes, uma grande travessa, um travessão! A região do Travessão também é o divisor de quatro municípios que compõem o território da unidade de conservação: Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar e Itambé do Mato Dentro.
A denominação de vale ao Travessão é equivocada. Por sua posição nos limites dos municípios, o Travessão é, além de uma passagem, o divisor de águas. A partir dele é possível avistar a leste o Vale do Rio do Peixe, na Bacia do Rio Doce e, a oeste, o Vale do Rio Bocaina, na Bacia do Rio São Francisco.
Foto: A imensidão dos paredões do Travessão, na Serra do Cipó.
Na região, é possível conhecer muito da cultura e história mineira, além de estar imerso em uma vegetação com características únicas e uma fauna diversificada. Vale lembrar que a Serra do Cipó é um dos conjuntos com belezas naturais mais exuberantes de Minas Gerais, chamada pelo paisagista Burle Marx de “jardim do Brasil”.
Fotos: Campos rupestres na trilha até o Travessão/ Pinturas Rupestres
Como conhecer
O acesso oficial ao Travessão acontece pela portaria Alto Palácio do Parque Nacional da Serra do Cipó, cidade de Morro do Pilar. Nesse trajeto, o Travessão fica a 11 km da portaria Alto Palácio, totalizando 22 km ida e volta.
Seguindo a MG-010 até a cidade de Morro do Pilar, na portaria Alto Palácio do Parque Nacional da Serra do Cipó, é possível estacionar e começar sua caminhada.
Trekking até o Vale do Travessão
Foram cerca de 7 horas de caminhada no total, apreciando uma paisagem deslumbrante. Por isso é recomendado que este passeio seja planejado pra iniciar nas primeiras horas da manhã. Nós começamos por volta das 8 horas.
O grau de dificuldade é moderado (claro, para quem já tem hábito de caminhar), mas pode ser considerado difícil para quem está iniciando sua jornada nesse esporte de aventura, o trekking.
No caminho é possível observar a transição da vegetação entre os campos rupestres, cerrado e a mata atlântica. A maior parte do percurso é aberta e com pedras arenosas, alguns trechos apresentam mata fechada e densa.
Devido ao trajeto extenso e árido, uma boa dica é realizar o passeio em dias nublados e frios, já que torna a caminhada mais agradável.
O ideal é que a caminhada seja feita com um condutor de turismo, para evitar “perrengues”, até porquê, não há muita sinalização no percurso. Nós recomendamos essa opção.
É uma trilha longa e cansativa, ideal para quem ama descansar a mente cansando o corpo. Mas é de tirar o fôlego, em todos os sentidos.
Repleta de campinas, cercada por serras ao fundo e flores sempre-viva por toda parte. Nas formações rochosas é possível observar pinturas rupestres, que ilustram uma possível caçada.
A necessidade de se assegurar tamanha riqueza foi um dos motivos que levaram à criação do Parque Nacional da Serra do Cipó.
Fotos: Sempre-vivas podem ser apreciadas durante a caminhada. /Paisagem no percurso das samambaias.
Após uma longa caminhada, chegamos ao percurso das samambaias - que tem aproximadamente 1k de extensão. É um trajeto bem fechado pelas plantas mas é uma experiência bem legal de ser vivida. A sensação passada é de estar dentro de um filme do Indiana Jones.
Após passar a mata das samambaias, é possível encontrar um dos principais pontos para se refrescar em um bom banho de cachoeira: a Cachoeira do Espelho. Com águas cristalinas, fazendo com que de fato o reflexo da paisagem se reflita em seu horizonte, como um espelho d’água, a Cachoeira do Espelho traz uma beleza pouco vista, que encanta os trilheiros e permite mergulhos muito refrescantes.
Boa parte do poço da Cachoeira do Espelho é fundo, por isso, recomendamos que aqueles que não saibam nadar, tomem bastante cuidado. Há um mirante com o percurso das águas com uma vista maravilhosa.
Fotos: Cachoeira Espelhada / Mirante da Cachoeira Espelhada.
Percorridos os 11 km na ida, e após aproveitar vários pontos turísticos do Parque Nacional da Serra do Cipó, chegamos no ponto alto e mais esperado da caminhada: o Travessão.
Ele é simplesmente um lugar significativo e monumental com uma paisagem encantadora e que faz valer a pena todo o esforço físico para alcançar o ponto alto da camihada. É, sem dúvida, uma das paisagens mais belas do Parque Nacional da Serra do Cipó.
A caminhada faz com que você se desafie mas, também, proporciona paisagens esplêndidas e sem dúvida possui um diferencial relevante, o marco entre a transição do cerrado e da mata atlântica, é impossível ser amante da natureza e não se apaixonar pelo magnífico Travessão.
Foto: Após uma longa caminhada a recompensa: chegamos ao mirante do Travessão.
Onde se hospedar e se alimentar
Na região existem muitas opções de hospedagem, como pousadas e até spas que atendem os mais variados gostos e bolsos. A hospitalidade dos moradores da região é sempre um bônus.
Sobre as opções gastronômicas nem se fala, existem muitos restaurantes, que vão desde a comida típica mineira à opções de happy hour e de lanches rápidos.
Dicas para aproveitar ao máximo o Travessão
- Leve bastante água e comida para passar o dia;
- O Parque Nacional da Serra do Cipó recomenda o uso da portaria Alto Palácio para acessar o Travessão;
- Recomendamos a contratação de um condutor para a realização do passeio, eles conhecem muito bem a região;
- Vá com roupa confortável e que cubra as pernas e braços, para não se arranhar nas samambaias e use sapatos que dêem aderência;
- Dê preferência em fazer o passeio em dias frescos, mais nublado, para evitar muita exposição ao sol. Se o dia estiver de céu aberto, nem precisa dizer que bonés, chapéus e protetor solar se tornam itens básicos, não é?
- Vá cedo, pois a caminhada é longa e demorada - em torno de 6 horas andando;
- Um cajado será muito útil durante a caminhada, já que o trajeto é bastante íngreme;
- Não há sinal de telefonia móvel nem brigada de resgate na região (mais um motivo para ir acompanhado de um condutor de turismo);
- Seja um turista consciente, respeite a comunidade local. Durante a pandemia não viaje se estiver com suspeita ou com sintomas de COVID 19, não aglomere, use máscara e álcool em gel sempre que indicado.
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