Uma Moda Para se Chamar de Sua
A moda mineira perpassa e belisca com a arte, cultura, história, nossos entendimentos mais arraigados. A história da moda de Minas oferece ao mercado um celeiro de possibilidades que ultrapassam a perspectiva puramente enquanto material de consumo. Como falar da Moda e sobre Moda, em Minas? Mais fácil começar pelo início?
Se os navegadores e marinheiros portugueses chegaram vestidos de inverno no nosso país tropical, fizeram que os bandeirantes portugueses, saídos de São Paulo, descobrissem nossas preciosas minas. Mas em 1720 há exatos 300 anos, como consequência da Revolta de Vila Rica, a autonomia administrativa do nosso estado foi conquistada.
Retalhos de História
Evidentemente, há 300 anos, Minas não produzia a “fina porcelana” da alta costura, pelo contrário, fabricava e muito o rústico Pano de Minas. Minas Gerais possuía uma das melhores fibras de algodão do Brasil e dela originou-se o Pano de Minas, que era exportado e disputado por inúmeros países. A produção do Pano de Minas cumpriu a sua função econômica e social até o final dos anos de 1.800. Quero conceder ao Pano de Minas um lugar de destaque na história da moda mineira, como o jeans ocupa na história dos Estados Unidos. O resto é história. O resto é tudo. O resto virou Moda.
Graças a esse favorável ecossistema criado: mão de obra de qualidade, boa fibra e a credibilidade do mercado, a indústria fabril ocupou rapidamente o seu espaço no nosso território.
Em 1907, a indústria têxtil mineira era responsável por cerca de 60% da parcela deste mercado no Estado, 40% do valor da produção industrial e por 50% do emprego industrial. Deixou como legado um pilar da tradição mineira ligada à Moda, uma das companhias mais longevas do Brasil, que eltrapassou a marca de 145 anos de atividade ininterruptas, sendo esta uma das principais empresas têxteis do país, com capital 100% brasileiro.
Minas Gerais é, historicamente um importante pólo de moda dentro do país, sendo o 3º estado no ranking de geração de empregos. Já no Brasil, a Moda é o segundo maior empregador da indústria. Na Moda, 75% da mão de obra é feminina. É o segundo maior gerador do primeiro emprego, o quarto maior produtor e consumidor de jeans do mundo, o quarto maior produtor de malhas do mundo, o terceiro maior produtor de seda do mundo.
Moda que faz Escola
Temos mais de 100 escolas e faculdades de moda e, foi em Minas a criação do primeiro curso de moda do país na Faculdade de Belas Artes, na Universidade Federal de Minas Gerais. Além disso, acontece por aqui, o Minas Trend, a maior feira de negócios da América Latina.
Moda em Minas é cultura, como na renda turca de bicos em Sabará, patrimônio imaterial, tombado pelo IPHAN; nas bordadeiras e rendeiras, patrimônio imaterial de Ouro Preto e mais 12 distritos do entorno; no maior sítio geológico de gemas e metais preciosos do mundo; no saber tradicional da produção, na memória, na identidade e na expressão dos artesãos. E claro! Não poderia deixar de falar! Temos grande orgulho de contar com o primeiro (e único público) Museu da Moda – MUMO, aberto em 2012 como Centro de Referência da Moda, que abriga uma biblioteca dedicada, um auditório com rica programação gratuita e exposições temporárias.
BH Capital da Moda
A capital do estado, Belo Horizonte, por ter mais de 20 mil empresas de vestuário é reconhecidamente a grande vitrine da Moda Mineira, além de contar com todos os tipos de produtos de moda, a criação deste setor na capital é uma grande alavanca de projeção de marcas para o Brasil e para o Mundo.
Em 2012, a cidade foi reconhecida via decreto como Capital da Moda, em 2016 por articulação da Frente da Moda Mineira junto ao governo Municipal a cidade ganhou o selo BH CAPITAL DA MODA, e realizou a Semana de Moda e o MOOD, Festival de Moda de Belo Horizonte, em 2018 e 2019 consecutivamente.
A moda que percorre o estado
Importante dizer também que a Moda está presente nos 853 municípios do estado, afinal todo mineiro tem na família uma costureira, uma tricoteira, uma crocheteira ou bordadeira. Somente a gastronomia compete com a moda como expressão cultural tão ampla.
Por aqui existem mais de 11 Arranjos Produtivos Locais reconhecidos, as APLs: malhas (tricô), bolsas e calçados; vestuário, lingerie, couro, gemas, jóias e bijuteria, que potencializam o desenvolvimento econômico local. A APL de Jacutinga produz 30% da produção nacional de malhas (tricot).
A moda está tão emaranhada no estado que temos cidades referência tais como: Borda da Mata – Capital do Pijama; Inconfidentes - Capital do Crochê; Jacutinga – Capital das Malhas; Juruaia – Capital da Lingerie; Nova Serrana – Capital dos Calçados Esportivos; Teófilo Otoni – Capital das Pedras Preciosas.
Tenho a pretensão de falar que em Minas Gerais estão os maiores criadores, marcas e criativos da moda brasileira que movimentam o mundo fashion. Poderia citar nomes como, Alceu Penna (Curvelo), Markito (Uberaba), Zeferino (Itabira), Walfrido Hermanny (Belo Horizonte), Zuzu Angel (Curvelo), Francisco Costa (Guarani), Inácio Ribeiro (Itapecerica) ou Gustavo Lins (Belo Horizonte). Mas além disso, a história da moda de Minas Gerais é contada através de anônimos ou de nomes sem repercussão. A moda de Minas é feita através de várias Marias e Josés.
Agora sim, podemos chegar ao fim, mas longe de um fim para a moda mineira, onde criamos e nos reinventamos todos os dias, até desfiles online já temos! Nesse ciclo 'virtuoso', voltamos agora ao presente e ao futuro da Moda de Minas Gerais.
Vamos!
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